22 de outubro de 2015

Relatório final do Sínodo vai ser apresentado hoje aos participantes


O relatório final do Sínodo dos Bispos sobre a família está pronto e vai começar hoje a ser debatido pela assembleia, anunciou o cardeal Oswald Gracias, um dos responsáveis pela elaboração do texto. «Estou muito confiante, tenho uma ideia muito clara de que temos – há muitas opiniões – fazer um texto que expresse as preocupações de todos e dê orientações pastorais que sejam aceitáveis para todos», disse o presidente da Federação das Conferências Episcopais Asiáticas e arcebispo de Bombaim (Índia), em conferência de imprensa.

O responsável revelou que a comissão responsável pelo relatório, com dez elementos, recebeu uma visita breve do Papa, para «agradecer pelo trabalho», encorajar os participantes e fazer uma referência à «importância da família e da Bíblia». «A doutrina, naturalmente, não será mudada», sustentou o cardeal Gracias, após revelar que existiram 700 a 800 propostas de alterações dos grupos de trabalho, em cinco línguas, e o prelado foi avisando que o relatório final não deverá conter questões muito específicas, antes dar «indicações gerais» sobre os caminhos a seguir. «Acho que ainda não encontrámos soluções... mas pelo menos já começámos a falar dos problemas», disse o cardeal.

Apesar dos relatórios intermédios terem citado a Familiaris Consortio, o documento de 1984 elaborado por João Paulo II sobre a família, D. Oswald Gracias (na foto) considera que os 30 anos que separam o documento da atualidade levantam «novos desafios» que é preciso enfrentar. «O mundo mudou, os desafios são novos. Não esperamos que o texto seja o mesmo de há 30 anos, mas acho que será referido o documento. A ideia do Sínodo é como enfrentamos os problemas de hoje, mantendo a doutrina e a fé», afirmou.
O esforço de organização e redação do relatório final ultrapassou o tempo estabelecido, pelo que foi preciso acrescentar uma manhã de trabalho sobre as emendas. O texto, que é apresentado esta tarde aos participantes, procurou captar «qual era o sentido da assembleia», para tentar apresentar uma visão «equilibrada», sem querer propor «todas as respostas». «Este Sínodo não está a fazer doutrina, mas procura uma aproximação pastoral», com um discurso mais geral, acrescentou o cardeal indiano. 

Para já, o relatório final tem menos de 100 parágrafos que os participantes vão discutir também na manhã de sexta-feira, antes de serem votados um a um numa votação global do texto, este sábado. «Ainda estamos no caminho da busca», acrescentou o responsável. Segundo D. Oswald Gracias, o Sínodo tem debatido a necessidade de «descentralização», para enfrentar temas específicos, situações particulares, embora a Igreja «seja una». «As conferências episcopais podem estudar as questões» para encontrar «soluções pastorais», precisou.

O encontro com os jornalistas contou ainda com a presença de D. José H. Gómez, arcebispo de Los Angeles (EUA), o qual admitiu que gostaria de ver mais desenvolvidos temas como «imigração», a «educação» ou a situação dos «indocumentados». Para o prelado, há necessidade de aprofundar as propostas de «espiritualidade», para que o Sínodo ajude as famílias a encontrar novas maneiras de serem «membros ativos da Igreja».

D. Soane Patita Paini Mafi, de Tonga, o mais jovem membro do Colégio Cardinalício, falou dos desafios que se colocam aos «valores tradicionais familiares» face um período de transição, de globalização, com os desafios do «individualismo» e das «migrações».


Texto: Ricardo Perna (com Octávio Carmo, Agência Ecclesia)
Fotos: Ricardo Perna

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