No final da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal
Portuguesa (CEP), D. Manuel referiu que a reflexão feita pelos bispos
portugueses sobre o Sínodo da Família que decorreu no passado mês de outubro em
Roma vai no sentido de «aproveitar as reflexões do relatório final», para que
se possam reflectir as questões mais importantes na preparação do sínodo
ordinário dos bispos do próximo ano no Vaticano. «A indicação que vem de Roma é
que aproveitemos as conclusões do relatório final do Sínodo para que sirvam de
base da reflexão e depois nos assessoremos com peritos de diversas áreas»,
disse D Manuel Clemente aos jornalistas.
No comunicado final da Assembleia, os bispos referiram que o
relatório final «servirá de apoio, a nível da CEP e das várias instâncias
diocesanas, para a preparação da próxima sessão ordinária», e adiantaram que a
prioridade, em Portugal, será dada prioridade «à pastoral familiar, para que a
comunidade cristã seja sempre autêntica “família de famílias”», sem no entanto
«descurar as várias problemáticas e dificuldades relacionadas com a família».
O presidente da CEP não especificou como será feita esta
reflexão, mas indicou que a CEP irá eventualmente contar com peritos de
diversas áreas nas suas reflexões. «A CEP vai trabalhar com peritos, mas também
as dioceses irão trabalhar, só ainda não sabemos como, o secretariado
permanente é que vai dinamizar isso», referiu o prelado aos jornalistas.
Sobre a abertura a mudanças na Igreja, D. Manuel Clemente
sustentou que os «bispos portugueses estão com muito boa vontade para conciliar
da maneira mais autêntica a tradição católica com as respostas que precisamos
de dar a situações mais graves ou que são mais frequentes do que eram
antigamente», à semelhança do que «já se vem a fazer na Igreja em todo o mundo»,
acrescentou.
O Patriarca de Lisboa ordenou as temáticas que terão de ser
abordadas por todos os que quiserem reflectir sobre este tema. «Existem três
alíneas a abordar: o interesse pela realidade familiar, reforçar a formação dos
casais e outros agentes e encontrar formas de resolver, dentro da nossa
tradição, os problemas que existem e hoje se colocam», elencou o prelado.
Revelando que ficou «surpreendido» com a capacidade de
resposta ao questionário enviado pelo Papa aos fiéis, D. Manuel Clemente
explicou que as pessoas consideram que «a temática da família é fundamental na
sociedade, é uma realidade básica onde a presente situação ainda mais sublinha
a sua importância, com os desafios da intergeracionalidade». «Há uma necessidade
de reforçar o apoio às famílias para que elas não se sintam tão desamparadas»,
defendeu.
Na questão da formação e preparação para o matrimónio, o
presidente da CEP defendeu que «os cursos de preparação para o matrimónio são
importantes, mas insuficientes para fazer face às necessidades dos casais hoje
em dia, já para não falar do acompanhamento pós-matrimónio», e lembrou que «a doutrina
da Igreja precisa de ser afirmada em contraste com outras realidades familiares
que existem».
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