1 de novembro de 2014

«A Europa deve olhar para o Médio Oriente quando pensa na família»



O Patriarca Gregório III, da Igreja Greco-católica Melquita da Antioquia e de todo o Médio Oriente, Alexandria e Jerusalém, com sede em Damasco, está em Portugal para falar da situação dos cristãos no Iraque e na Síria, a convite da fundação Ajuda à Igreja que Sofre. No final da conferência que proferiu na Fundação Pro-Dignitate, em Lisboa, esteve à conversa com a Família Cristã sobre o Sínodo da Família que decorreu em Roma, onde participou. 

Gregorius III mostrou-se satisfeito com o evento, que classificou de «convincente». «Pudemos ver, através da opinião de todos os bispos de todo o mundo, como está a situação em todo o lado e agora podemos ver como lidar com estas questões em cada país e vamos trazer as nossas ideias para o sínodo do próximo ano», afirmou.

Para o Patriarca sírio, não foram tomadas decisões não por falta de consenso, mas por não haver indicações nesse sentido, daí apenas terem surgido propostas e reflexões nos documentos apresentados aos fiéis. No que toca à Igreja do Médio Oriente, Gregorius III defendeu que, apesar dos problemas que afetam as famílias nos diferentes continentes, «a única zona que não tem problemas na família em todo o mundo é o Médio Oriente».

«Apesar dos outros problemas que temos, como a guerra ou a pobreza, a família é algo que se mantém forte. Pai, mãe, avós, tios… todos se protegem e protegem a família. Aqui na Europa isso não acontece, cada um olha por si. Este tipo de sociedade que temos lá ajuda-nos a defender a família», sustentou o prelado, que afirmou que se mostrou espantado por verificar a existência de tantos problemas que não existem nas suas comunidades e famílias.

O Patriarca alertou para o risco de deixar a ideologia secularista e que privilegia o relativismo vingar onde parece que está a ganhar terreno, como a Europa e a América do Norte, comparando-a à ameaça do Islão ou mesmo do autoproclamado Estado Islâmico. «A ideologia secularista ateia é mais perigosa para o Cristianismo e para a fé que o Islão ou o ISIS», avisou. 

E é nesse sentido que deixa a proposta. «A Europa deve olhar para o Médio Oriente quando pensa na família. E do Oriente virá a luz, como se diz, e nós estamos no berço da Cristandade, pelo que podem aprender connosco e com a nossa experiência», garantiu o prelado sírio.

Texto e Fotos: Ricardo Perna

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